Maturidade espiritual


1 Coríntios 13:11 “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.”

 

“Falava como menino”

Falava de assuntos infantis, e mesmo que falasse de coisas importantes, não tinha a capacidade de abordar esses assuntos. Nós vemos alguns pregadores, que costumam agir dessa maneira, eles gastam boa parte do tempo contando histórias, ou piadas para entreter o povo, e quando precisam abordar assuntos importantes da palavra, não conseguem fazer isso com profundidade, então eles ficam falando vários jargões gospel, e dizendo as mesmas coisas que já foram faladas, centenas de vezes no púlpito da igreja, eu não estou dizendo que nós precisamos inventar, novas mensagens excêntricas para entreter o povo, pois a mensagem do evangelho é sempre a mesma na sua essência, o que pode variar é a forma como apresentamos ela, as vezes apresentamos um entendimento mais profundo, de algumas verdades que já estão no nosso coração, ou organizamos as ideias de uma maneira que talvez não tenha sido pensada antes, ou até podemos chegar a compreensão de mistérios que estão ocultos aos olhos de muitos, mas o que eu estou dizendo, é que o ministro da palavra de Deus, não deve ser negligente na meditação das escrituras, ele deve se esforçar para trazer mensagens que realmente alimentem o povo, mensagens para enriquecer e aperfeiçoar a igreja através do conhecimento, mensagens para tratar dos principais pecados que atingem o povo.

 

“Sentia como menino”

O menino ainda não tem o controle completo das suas emoções, as vezes ele pode se irritar por coisas supérfluas, ou pode ser frágil emocionalmente, e se entristecer por motivos irrelevantes, ou ter os seus sentimentos facilmente manipulados. Assim também acontece com muitos cristãos, eles precisam amadurecer sentimentalmente, por exemplo, em relação a ira: alguns se irritam facilmente, querem se vingar, não perdoam o seu próximo, mas a Bíblia fala que o homem deve ser tardio para falar, tardio para se irar, ou seja, devemos ser tardios para falarmos qualquer coisa, e ainda mais tardios para nos irarmos, pois a ira do homem não opera a justiça de Deus (Tg 1:19-20), isso significa, que a ira do homem não é de acordo com a justiça de Deus, pois o homem muitas vezes se ira por motivos injustos, algumas vezes ele se ira por causas insuficientes, seja por um mal entendimento, ou por um falso raciocínio, e mesmo quando ele se ira por um motivo justo, algumas vezes ele excede a punição necessária para aquela situação, e até mesmo que ele exerça a punição necessária, ainda sim ele é um pecador, e muitas vezes pratica aquilo que ele mesmo condena, ou as vezes até pratica algo pior.

É claro que existem momentos, em que seria errado não se indignar ou mostrar simpatia com o erro, pois o próprio Deus também se ira contra a impiedade e injustiça dos homens, porém a ira de Deus é um sentimento perfeito, não é como a ira humana, em que as pessoas agem por um impulso efervescente e apaixonado da carne, e destroem muito mais do que deveriam edificar, mas ira de Deus é controlada extremamente precisa contra o pecado.

Além disso não devemos nos vingar quando as pessoas fazem algum mal, porque a vingança só dá continuidade ao ciclo de violência, alguém faz um mal para outra pessoa, e o outro retribui com um mal ainda maior, e assim por diante cada um tenta prejudicar mais o outro, buscando demonstrar mais força, por isso é que devemos retribuir o mal com o bem, porque quando fazemos isso, não precisamos prejudicar outras pessoas parar trazer algum bem, mas prejudicamos somente o mal.

A Bíblia fala que se o nosso inimigo tiver fome ou sede, devemos lhe dar de comer e beber, porque fazendo isso iremos amontoar brasas vivas sobre a cabeça dele, e o Senhor nos recompensará (Pv 25:21-22), ou seja, quando tratamos bem alguém que nos odeia, estamos amontoando brasas de fogo sobre a consciência daquela pessoa, estamos reprovando o pecado e constrangendo a pessoa a se arrepender.

A ira muitas vezes surge do nosso senso de justiça, pois quando somos ofendidos por alguém, nós sentimos que aquilo precisa ser punido, e que a justiça precisa ser reparada e satisfeita, mas a palavra de Deus nos recomenda, que não devemos vingar a nós mesmos, mas darmos lugar a ira de Deus (Rm 12:19), pois como diz um provérbio antigo, a ira do homem produz um mal ainda maior do que aquilo que a casou, isso sem falar que quando retribuímos o mal, nós deixamos de ser a vítima somente, e nos tornamos o próprio agressor, e por isso já não temos mais razão para reivindicarmos a justiça, mas somente esperar que também sejamos punidos.

Existem pessoas que sentem dificuldade em perdoar o próximo, alguns talvez até questionam, como elas poderiam perdoar alguém que venha ofende-las tantas vezes? Mas basta nós olharmos para o perdão de Deus, e então somos constrangidos pelo Seu amor, pois como Deus pode nos perdoar, sendo que pecamos quase incessantemente segundo após segundo? Porém a pessoa que chega a maturidade espiritual, não guarda ressentimento contra o seu próximo, mas no mesmo instante em que ela está sendo ofendida, ela já está liberando o perdão, basta nós vemos o exemplo de Jesus, que rogou ao Pai para que perdoasse os homens, no mesmo instante em que estava sendo crucificado, e também Estêvão que rogou para que Deus perdoasse aqueles que lhe apedrejavam.

Outro exemplo de imaturidade sentimental, são as pessoas extremamente sensíveis, aquelas que se entristecem por qualquer ofensa irrelevante, essas pessoas quando são ofendidas, ficam olhando somente para o quanto foram feridas e se lamentando, ou seja, elas ficam olhando somente para si próprias, e tendo compaixão de si mesmas, mas nós precisamos aprender a deixar a verdade moldar os nossos sentimentos, existem momentos em que eu devo parar e pensar, sobre como eu deveria reagir numa situação, e não sobre como eu estou me sentindo, porque algumas vezes os nossos sentimentos podem nos conduzir numa direção contrária a palavra de Deus.

 

“Pensava como menino”

Aquele que pensa de uma maneira infantil, é facilmente iludido, não tem um senso crítico desenvolvido, possui falsos raciocínios lógicos dentro de si, não reflete bem nas coisas que fala, não tem argumentos para resolver assuntos importantes, não se orienta pela lógica mas por sensações e impulsos, não tem interesse pelo conhecimento, mas só busca diversão algumas vezes.

 

Em Hebreus 5:11-14 encontramos uma passagem importante sobre esse assunto:

(v. 11) O escritor adverte as pessoas, porque ele tinha muitas coisas de difícil interpretação para dizer, pois elas haviam se tornado negligentes para ouvir, ou seja, a negligência para ouvir, é um dos principais fatores que causam a imaturidade intelectual, é por isso que devemos aprender a ouvir as pessoas, até mesmo quando elas são contrárias aquilo que acreditamos, pois argumentos contrários, podem servir para aperfeiçoar ainda mais o nosso entendimento, devemos aprender a ouvir as pessoas por mais simples elas sejam, pois qualquer pessoa pode ter algo importante para nos ensinar, porque todos nós passamos por diversas experiências no decorrer da vida.

(v. 12) Aqui o escritor fala, que pelo tempo aquelas pessoas já deviam ser mestres, mas ainda necessitavam dos primeiros rudimentos da doutrina de Cristo, e assim são muitas pessoas, elas estão muitos anos dentro da igreja, mas não se desenvolveram como deveriam, eu sei que um período de tempo maior, irá proporcionar mais experiências, mas o desenvolvimento também depende da qualidade dessas experiências, depende do quanto nós aproveitamos essas experiências.

(v. 13) No final do versículo anterior e no versículo 13, o autor fala sobre as pessoas que necessitavam de leite, e não de alimento sólido, pois ainda eram meninos. Muitas pessoas ainda não são capazes de digerir uma mensagem mais sólida, pois existem palavras que são difíceis de serem digeridas pela nossa natureza carnal, assim como o livro que João comeu, na sua boca era doce como o mel, mas no seu ventre era amargo, ou seja, a palavra de Deus é doce para o nosso espírito, mas é amarga ao ser digerida pela nossa carne, por isso existem pessoas, que não gostam de ouvir mensagens que confrontem os seus pecados, existem pessoas que só querem ouvir palavras agradáveis, palavras de bênção, palavras motivacionais, só querem ouvir promessas bíblicas, e por isso elas se tornam fracas espiritualmente, porque a partir de uma certa idade, o leite espiritual já não possui mais todos os nutrientes, que o organismo precisa para se desenvolver.

(v. 14) Na tradução Almeida do século 21, o versículo diz que o alimento sólido, é para aqueles que pela prática, tem suas faculdades morais exercitadas, para distinguir entre o bem e o mal, ou seja, para se alimentar do mantimento sólido, não basta apenas ter muito conhecimento intelectual, mas também é necessário um exercício das faculdades morais, é necessário se exercitar através da prática das escrituras, pois caso contrário, o organismo não vai estar preparado para receber algumas verdades, que são difíceis de serem digeridas pela carne, e por isso alguns homens tendem a rejeitar essas verdades. Quem é menino não tem as faculdades morais bem exercitadas, para discernir entre o bem e o mal, pois se não exercitamos nossa conduta moral, passamos a tolerar alguns pequenos pecados, distorcer a justiça, e chamar o mal de bem.

 

A Bíblia também fala, que não devemos ser meninos inconstantes, levados por ventos de doutrina, pelo engano de homens que com astúcia enganam fraudulosamente (Ef 4:14), ou seja, um dos sintomas da imaturidade, é que ela torna as pessoas inconstantes, por exemplo pessoas que não conseguem manter uma vida contínua de oração, que são levadas pela empolgação de fazer algo, mas logo desistem e precisam ser motivadas pelos outros, assim como uma criança, que ainda não tem uma estrutura física desenvolvida para carregar algo pesado, da mesma forma a imaturidade espiritual, impede que as pessoas possam carregar uma responsabilidade maior, por isso a Bíblia fala, que todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada ele difere do servo, ainda que seja senhor de tudo (Gl 4:1), ou seja, Deus está preparado para derramar dons espirituais, e para manifestar o Seu poder sobre as nossas vidas, mas nós é que não estamos preparados muitas vezes, porque ainda somos meninos espirituais.

Outro sintoma da imaturidade, é que as pessoas são levadas por ventos de doutrinas, elas são iludidas por pessoas que enganam fraudulosamente, são arrastadas pelo vento que não possui consistência, são trapaceadas, dominadas, despojadas, por pessoas mais astutas que elas, e isso acontece muitas vezes porque elas negligenciam o estudo das escrituras, ou não desenvolvem um senso crítico mais apurado. Não devemos acreditar imediatamente em tudo aquilo que as pessoas falam, por mais influentes que elas sejam, e nem mesmo acreditar precipitadamente nas nossas próprias convicções, por mais que uma informação possa parecer agradável para nós, mas devemos analisarmos pela lógica e pela investigação, pois existem informações que não devemos aceitar como verdade absoluta, sem antes termos um fundamento sólido para basearmos nossas convicções, porém do outro lado, existem pessoas que se tornam críticas demais, e chegam até mesmo a rejeitar coisas que são verdade, mas precisamos entender, que da mesma forma que não devemos aceitar imediatamente tudo que as pessoas falam, também não devemos rejeitar imediatamente o que os outros falam, sem antes investigarmos e refletirmos sobre o assunto, sem antes termos uma convicção mais profunda.

 

“Mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”

É necessário abandonarmos as práticas de menino, não basta somente assumirmos responsabilidades de uma pessoa adulta, mas continuarmos sendo meninos por dentro.

 

Em Efésios 4:13 encontramos mais alguns sinais de uma pessoa madura espiritualmente, como a unidade da fé, o pleno conhecimento do Filho de Deus, e a medida da estatura da plenitude de Cristo.

I. Unidade da fé: É necessário chegarmos a uma mesma fé em comum, quando se trata de alguns assuntos fundamentais da Bíblia, e mesmo que tenhamos uma fé diferente, em outros assuntos secundários, isso não deve interferir na nossa unidade, pois aquilo que temos em comum é muito maior do que as nossas divergências, mas existem algumas igrejas, que colocam a disputa por questões irrelevantes, acima da unidade do corpo de Cristo, por isso nós vemos tantas igrejas abrindo a cada dia, porque as pessoas não tem a maturidade, de conviver com pessoas que possuem opiniões diferentes, outras igrejas vão ainda mais longe, e dizem que somente os membros da sua igreja é que serão salvos, eles dizem que a salvação não depende somente da fé na obra de Jesus, mas é necessário aceitar os seus ensinamentos a respeito de assuntos secundários da Bíblia, ou praticar obras que nada interferem na salvação, como batismos, ou rituais, ou costumes da igreja.

II. Pleno conhecimento do Filho de Deus: É necessário conhecermos as perfeições morais do Filho de Deus, porque elas são o padrão perfeito que devemos desejar, mas hoje em dia existem algumas pessoas, que só enxergam um Jesus extremamente amoroso, a ponto de nunca reprovar os nossos erros, elas só enxergam Deus da maneira que elas querem ver, mas se nós olharmos para os evangelhos, veremos que Jesus também fala muitas palavras duras para as pessoas, além disso Jesus foi a pessoa que mais ensinou sobre o inferno na Bíblia.

Devemos entender que não existe amor verdadeiro sem ódio (Sl 97:10), não existe amor verdadeiro sem ciúmes, eu não estou falando do ciúmes egoísta, que busca somente o próprio bem-estar, mas daquele ciúmes que tem zelo pela pessoa amada, por isso que Deus nos corrige quando pecamos, porque Ele busca o nosso completo bem, mas quando Deus deixa de corrigir alguém, e entrega essa pessoa ao seu próprio pecado, esse é um sinal de punição da ira de Deus.

III. A medida da estatura da plenitude de Cristo: Nós não podemos conhecer, toda grandeza da perfeição de Cristo, quanto mais alcançá-la, mas ela é a medida da estatura que devemos buscar dia após dia. Existem pessoas que colocam um padrão de perfeição, inferior ao que Deus exige, elas não buscam a medida da perfeição de Cristo, mas uma medida que vem dos seus padrões humanos de perfeição, ou que vem da cultura da nossa sociedade, elas ignoram a justiça de Deus, e tentam estabelecer a sua própria justiça (Rm 10:3), elas não seguem a Bíblia por inteiro, mas somente aquilo que acham certo ou conveniente. Porém do outro lado, também existem pessoas que tentam estabelecer a sua própria justiça, através do perfeccionismo, algumas vezes elas até aceitam o padrão de perfeição de Deus, mas elas pensam que são capazes de alcançar pelos seus próprios esforços, ou então elas estabelecem padrões elevados de perfeição para coisas que não tem importância.

Mas a Bíblia nos mostra, que o estado de maturidade cristã, é quando Cristo é plenamente formado em nós (Gl 4:19), quando temos a mente de Cristo (1 Co 2:16), quando não vive mais o nosso eu mas Cristo vive em nós (Gl 2:20), e isso vai depender do nosso esforço em conhecê-lo e imitá-lo, até mesmo na sua morte sacrificial, no seu esvaziamento de si mesmo, na submissão a vontade do Pai, no seu zelo pela casa de Deus, na sua profunda compaixão pelas almas.

 

Em outra passagem a Bíblia também fala, que não devemos ser meninos no entendimento, mas meninos na malícia (1 Co 14:20), se olharmos para os versículos anteriores, veremos que Paulo está falando sobre o dom de línguas, e que ele deve ser usado com entendimento, de maneira que não venha atrapalhar o culto, ou seja, o uso inadequado dos dons espirituais, é outro sinal da maturidade espiritual, pois quem é imaturo, ao invés de usar os dons para edificação da igreja, acaba atrapalhando que outras pessoas sejam edificadas, ao invés de usar os dons para conversão das almas, faz com que as pessoas venham duvidar do que Deus está fazendo, ao invés de usar os dons para glorificar a Deus, acaba usando os dons para exibição pessoal. Porém devemos nos tornar adultos no entendimento, e meninos na malícia, ou seja, num certo sentido também devemos nos tornar como meninos, pois precisamos ter a inocência de uma criança, por mais que algumas pessoas sejam más, ou falem coisas ruins, devemos pensar coisas boas a respeito delas, além disso não devemos ser precipitados para pensar em coisas sensuais, porque é inútil como qualquer outro pecado, além disso a nossa natureza carnal já é ruim, e ainda mais se nós estimularmos ela com maus hábitos, estaremos acendendo um fogo perto de um líquido inflamável, estaremos acendendo um pequeno fogo que incendeia uma grande floresta.

 

No texto de 1 Coríntios 3:1-4, também encontramos algumas lições importantes sobre a maturidade espiritual, Paulo diz que não pôde falar com aquela igreja como espirituais, mas como carnais, como meninos em Cristo, e a prova disso era que havia entre eles, inveja, contendas e dissensões, e eles andavam segundo os homens, pois alguns diziam ser de Paulo, de Pedro, ou de Apolo.

I. Paulo diz que não pôde falar com eles como espirituais, e a mesma coisa acontece no nosso relacionamento com Deus, muitas vezes Deus está pronto para revelar verdades mais profundas, porém não estamos preparados para recebê-las, pois somos carnais, e a natureza carnal não compreende as coisas do Espírito, a natureza carnal rejeita o conhecimento de Deus, Jesus mesmo fala aos seus discípulos, que Ele tinha muitas coisas para dizer, mas eles ainda não podiam suportar (Jo 16:12), ou seja, eles não poderiam suportar certas verdades, pois ainda estava enraizado dentro deles os padrões da carne, as tradições, os preconceitos, ou até preferências pessoais.

II. Também vemos que a imaturidade espiritual, além de arruinar o nosso relacionamento com Deus, também acaba destruindo nosso relacionamento com o próximo, pois havia entre eles inveja, contendas e dissensões, e essas coisas vem da falta de sabedoria (Tg 3:13-15), da falta de amor (Pv 10:12), do orgulho (Gl 5:26), do desejo de satisfazer os prazeres da carne (Tg 4:1).

As contendas são algo muito nocivo dentro da igreja, pois elas ferem a unidade separando as pessoas, elas roubam a paz, e impedem o crescimento da igreja, e muitas vezes as contendas surgem por motivos irrelevantes, como a busca por interesses ou preferências pessoais, ou por valorizarmos demais, coisas sem importância (2 Tm 2:23), por isso devemos ter muito cuidado, e evitarmos o máximo iniciar um conflito por qualquer motivo, porque a Bíblia fala que um irmão depois de ofendido, é mais difícil de conquistar do que uma cidade fortificada (Pv 18:19), e que o início de uma contenda é como soltar as águas de uma represa (Pv 17:14), por isso é melhor abandonar a contenda, antes que águas se soltem e você seja arrastado por elas. Mesmo depois que a contenda termina, as vezes permanece um certo ressentimento, ou surgem preocupações que roubam a paz, então as pessoas são obrigadas a conviver juntas, mas ainda sentem um certo ódio no seus corações, porque por mais que elas perdoem umas outras, as vezes pode demorar um tempo, até que seus sentimentos sejam completamente reestabelecidos. Por fim as contendas fazem com que a igreja não subsista, porque o reino dividido contra si não subsiste, mas nós devemos buscar o crescimento do corpo de Cristo, e em Efésios 4:16 encontramos alguns pontos que trazem esse crescimento: 1. O corpo bem ajustado, 2. Ligado pelo auxílio de todas as juntas, 3. A justa operação de cada parte, 4. Traz o crescimento para edificação em amor. Ou seja, é necessário estarmos bem ajustados conforme a nossa posição no corpo de Cristo, e ligados entre os outros membros, através do auxílio das juntas que promovem a nossa união, mas também realizarmos, a justa operação da parte que nos convém no corpo de Cristo, para que haja o crescimento, porém não basta somente o aumento do corpo, mas é necessário a edificação em amor, porque por mais que aumente o número de membros da igreja, ou aumente o nosso esforço em realizarmos boa obras, mas se não existir o amor, não existe edificação, e a igreja permanece caída, fraca e desestruturada, porque a nossa união no corpo de Cristo, não é somente uma união para buscar os mesmos propósitos, mas a união daqueles que amam o que é gerado de Deus (1 Jo 5:1), além disso no nosso relacionamento com Deus, não basta somente que as nossas obras se tornem maiores do que as primeiras, e deixarmos de lado o primeiro amor (Ap 2:19) (Ap 2:4).

Também é importante destacar, que nem todo conflito é ruim em si, pois existem momentos em que é necessário discutir, com pessoas que fazem o que é errado, porém existem pessoas que acham que jamais devem se envolver em conflitos, sobre nenhuma circunstância, elas ficam observando outras pessoas discutindo, e pensam que são mais maduras do que elas, mas algumas vezes, aqueles que evitam o conflito estão sendo mais imaturos, porque cometem o pecado da omissão (Jr 48:10), eles toleram o mal para tentar preservar um falso amor, uma falsa paz entre Cristo e o pecado.

III. Paulo ainda fala que os Coríntios “andavam segundo os homens”, eu sei que os mestres são necessários, para facilitarem o nosso aprendizado, pois muitas vezes eles entregam em pouco tempo, a experiência que eles demoraram anos para conseguir, mas é importante entendermos, que não devemos seguir cegamente os homens. Algumas pessoas se sentem mais confortáveis seguindo outras pessoas, pois isso parece isentar elas da responsabilidade das suas ações, ou talvez acabe poupando elas do esforço de buscar certas coisas, mas as vezes a ignorância e a falta da capacidade de refletir, se torna uma arma poderosa na mão de pessoas manipuladoras, ou de lideranças abusivas. Bonhoeffer que viveu no tempo do holocausto judeu, protestava contra as pessoas que seguiam cegamente o nazismo, e ele escreve em um de seus livros, que a estupidez é mais perigosa do que a maldade, pois contra o mal nós podemos protestar, e ele pode ser facilmente exposto, ou evitado pela força, mas a pessoa estúpida, por mais que você fale, usando os argumentos mais convincentes, ela simplesmente irá ignorar os seus argumentos.

 

Por fim devemos entender, que o verdadeiro amor, é uma das maiores evidências da maturidade espiritual, pois aquele que ama conhece a Deus verdadeiramente (1 Jo 4:7-8), além disso o amor é algo que reflete a perfeição da natureza Divina, o amor é o que faz a ligação do homem ao estado de perfeição (Cl 3:14), a Bíblia mesmo fala que devemos ser perfeitos, assim como é o nosso Pai celestial, e amarmos até mesmo os nossos inimigos, pois o próprio Deus faz chover tanto sobre os bons como sobre os maus (Mt 5:43-48), ou seja, aquele que é capaz de amar as pessoas sem distinção e sem condições, se torna perfeito assim como Deus.

 

Que Deus abençoe.

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